Alzira Willcox
Quando crianças se sentem bem, confiantes, sobre si mesmas, elas estão se preparando para serem bem sucedidas em todos os campos, desde a escola até as amizades. Sentimentos positivos tais como autoaceitação e autoconfiança ajudam as crianças a tentarem novos desafios, a lidarem bem com os erros e arriscarem, tentando outra vez. E mais, ao se sentirem orgulhosos de suas habilidades e feitos ficam estimuladas a dar sempre o melhor de si.
Em contrapartida, crianças com baixa autoestima certamente se sentirão inseguras sobre as suas capacidades e habilidades. E, se pensam que podem não ser aceitas pelo outro, seja o grupo de colegas de escola ou amigos em geral, frequentemente vão preferir não participar de jogos, brincadeiras e trabalhos escolares. Elas evitam qualquer possibilidade de serem maltratadas ou enfrentarem grandes dificuldades. Ou, ao contrário, aceitam serem um tanto desprezadas e não conseguem se defender. Fato é que crianças que não esperam se sair bem, vão sempre fugir dos desafios, desistir facilmente ou vão ter muita dificuldade de superar seus erros.
Autoestima é o resultado de experiências que ajudam uma criança a se sentir capaz, eficaz e totalmente aceita.
• Quando crianças fazem coisas por iniciativa própria e se sentem orgulhosos do que elas podem fazer, elas se sentem capazes.
• Crianças se sentem eficazes quando descobrem que bons resultados advêm do seu esforço, como chegar perto dos seus objetivos e perceber seus progressos. Por exemplo, crianças que participam ativamente de um projeto na escola sentem-se bem, orgulhosas de si porque perceberam como suas ações podem fazer diferença.
• Quando a criança se sente aceita e compreendida por seus pais ou alguém próximo, ela terá mais facilidade de se aceitar também. Sua boa percepção sobre si mesma tende a aumentar sempre que os pais elogiam seu bom comportamento, ajudam-na quando precisam, encorajam-na para ir adiante e lhe dão suporte.
Como os pais podem alimentar a autoestima de seus filhos, desde crianças? Pra começar a autoestima se desenvolve com o tempo. Se ela é baixa, pode ser elevada porque há muitas coisas que os pais, por exemplo, podem fazer.
• Ajude seu filho/a a aprender a fazer “coisas”. Em toda idade há coisas novas para as crianças aprenderem. Mesmo quando são ainda bebês, aprender a segurar uma xícara ou a dar os primeiros passos confere uma sensação de poder e satisfação. À medida que sua criança cresce, coisas como ensinar a se vestir, andar de bicicleta são oportunidades de a autoestima ganhar raízes. É a autonomia que, quando estimulada, alimenta a autoestima.
• Quando for ensinar algo novo à criança, mostre e a ajude primeiro. Depois, deixe-a fazer o que ela pode, mesmo se errar. Esteja certo que seu filho/a terá muitas oportunidades de aprender, tentar e se sentir orgulhoso. Não lhe ofereça desafios muito fáceis, nem muito difíceis.
• Elogie seu filho/a, mas faça-o com sabedoria, sem exagero. Claro que é bom elogiar as crianças. Seu elogio é uma forma de mostrar que você também está orgulhoso. Nesse aspecto, o dos elogios, há que ser cuidadoso porque pesquisas apontam que algumas formas de elogiar podem ser desastrosas e o “tiro sai pela culatra”.
Como fazer a diferença entre a forma de elogiar construtiva e a desastrosa? Evidente que em educação não há receita, mas alguns caminhos podem ser mais bem pavimentados. Vamos enumerar algumas dicas.
• Não elogie exageradamente. Um elogio que não pareça merecido, soa falso e a criança percebe. Por exemplo, após uma partida de futebol na escola, em que a criança não jogou bem, se os pais lhe disserem: “você esteve ótimo, parabéns!”, ela saberá que aquele elogio é falso. Melhor dizer: “sei que você não teve um grande desempenho, mas haverá tempo para você treinar mais e estamos orgulhosos porque você não desistiu”.
• Elogie mais os esforços e aponte menos para as qualidades. Evite dirigir os elogios aos resultados (como tirar um 100 numa prova) ou reforçar as qualidades já evidenciadas (tais como ser muito inteligente, esperto ou um ótimo atleta). Esse tipo de elogio pode levar à acomodação e fazer com que a criança fuja dos desafios para não pôr à prova a reputação obtida. Em vez desse tipo de elogios, procure elogiar o esforço, o progresso, as atitudes. Por exemplo: “estou orgulhosa de ver o quanto você tem estudado” ou “você está escrevendo cada vez melhor as suas redações”.
• E seja você um bom modelo em suas tarefas diárias, em seu trabalho. As atitudes certas contam muito na educação. Sua atitude é uma forma de estimular seu filho/a. Seu orgulho por um trabalho bem feito é uma forma de mostrar-lhe que ele/ela pode fazer o mesmo.
• Palavras ásperas, ferinas, que não estimulam e só acentuam falhas são extremamente danosas. Quando uma criança internaliza mensagens negativas sobre ela, ela se sente mal e age de acordo com o rótulo que recebeu. Dizer: “você é preguiçoso e não faz nada direito” – é mensagem destrutiva da autoestima.
• Mantenha seu foco no que é fortemente positivo. Preste atenção naquilo que seu filho/a faz melhor e mostre-se feliz com o seu sucesso. Faça tudo para que seu filho/a tenha oportunidades de desenvolver suas mais fortes habilidades. Fixar-se no que é positivo traz muito melhores resultados do que ressaltar as fraquezas. Se você quer que seu filho/a seja bem-sucedido faça-o se sentir bem com ele mesmo, com aquilo em que é mais capaz e pode conduzi-lo ao sucesso.
Lembretes finais.
1. A criança que vem desenvolvendo uma autoestima saudável e positiva sente-se valorizada e aceita, confia que pode fazer o que dela esperam, sente-se orgulhosa de um trabalho bem feito, pensa positivamente sobre si mesma e está preparada para os desafios do dia a dia.
• A criança com baixa autoestima faz rigorosa autocrítica e é dura consigo mesma, sente-se insegura e não tão boa quanto outras crianças, fica mais preocupadas com as vezes em que falha do que com aquelas em que é bem-sucedida, falta-lhe confiança, duvida de suas próprias habilidades para fazer qualquer coisa.
Sabemos perfeitamente que não há bula para educar e nem temos a pretensão de ensinar a educar. Estamos apenas refletindo sobre aspectos que julgamos importantes para o desenvolvimento da criança. Já falamos sobre autoridade em mais de um artigo – a importância da autoridade dos pais na orientação dos filhos e dos necessários limites para o convívio social. Hoje falamos de autoestima – como atuar para que a criança tenha um bom conceito sobre si e enfrente com atitude positiva os desafios da vida adulta.