Bia Willcox
Vivemos a era da Informação. Falamos aqui de conteúdos que transbordam pra todos os lados, independente de formato, profundidade ou tamanho. Eles chegam de todos os lados, devices e poros. A revolução advinda das novas relações com a Informação tem demandado a mais importante de todas as habilidades: a solução de problemas. O mundo anda girando mais rápido e com mais coisas chegando até nós, mais questōes a serem resolvidas e num tempo cada vez mais hábil.
E aí eu me pergunto: como tornar essa tarefa mais fácil? Criar e produzir conteúdos parece o mais difícil da lista, mas provavelmente não é. Interpretar, selecionar, priorizar e opinar me parecem primordiais se queremos andar na melhor direção e solucionar problemas dando-lhes a correta dimensão e desfecho. Para ter sucesso nessa empreitada, nada mais urgente e preponderante do que exercitar diariamente o pensamento crítico, visível.
Sempre se acreditou que pensamento crítico era uma questão de se ter habilidades cognitivas para tal. Sim, sem dúvida alguma quem pensa criticamente tem o talento. Mas não se trata só disso. Para desenvolver o pensamento crítico e usá-lo quando necessário (desde solucionar problemas até contribuir para um mundo melhor) é preciso paixão, atitude, valores e certos hábitos mentais.
Pensadores críticos têm, com certeza, as inclinações certas. E são essas inclinações – chamas obrigatórias no ambiente escolar e familiar – que a escola não deve perder de vista, mantendo-as acesas em seu dia a dia.
A cada texto lido (diria até cada parágrafo) devemos tentar responder a perguntas propostas e debater. A cada notícia que chega é preciso buscar a fonte, discutir a ótica olhar o background histórico. A cada decisão tomada, vamos exercitar com os alunos a malícia humana e entender a quem interessa o quê. Aproveitemos cada discussão para inserir valores e ética (afinal, Ética se faz mais importante que Religião nos dias de hoje). A cada atividade proposta, sejamos generosos com a divergência – o pensamento divergente é questionador por natureza e muitas vezes detona um processo criativo. A cada novo tema apresentado abramos as portas para as inserções criativas dos alunos.
Dá trabalho aos docentes. É preciso trazer o debate aos nossos professores. Fazê-los entender o quão grande isso é e o quanto farão a diferença na vida de seus alunos e futuros profissionais. Pensar criticamente se torna parte de uma rotina que, além de tudo, dá prazer a quem pratica.
Vamos propor atividades também físicas onde o aluno perceba por seus hormônios, adrenalinas e serotoninas, que sair de sua zona de conforto compensa. É uma mudança de mindset que deve começar no treinamento constante de professores.
O século 21 já começou e o principal papel da escola é prover seus alunos com as devidas inclinações ao pensamento critico, tornando o pensamento visível em sala de aula. O conteúdo é importante, mas hoje não é mais a escola o principal fornecedor e distribuidor dele. Conteúdos estão em toda a parte, todos os formatos ao alcance de nossos dedos. Ensinemos que é preciso aprender – separar o que é bom do que não é, escolher o que realmente interessa, opinar, questionar e exercer o que de melhor nós temos – o nosso pensamento. A escola que entender isso mais profundamente se tornará premium num mercado de obviedades no ensino formal.
Bia Willcox é advogada, empresária, diretora do Grupo Wowl, professora, jornalista, produtora de conteúdos. Autodidata. Empreendedora