Alzira Willcox
O Construtivismo parte da crença de que o saber não é algo que está concluído, terminado, e sim um processo em incessante construção e criação. Assim, o conhecimento é um edifício erguido por meio da ação, da elaboração e da geração de um aprendizado que é produto da conexão do ser com o contexto material e social em que vive, com os símbolos produzidos pelo indivíduo e o universo das interações vivenciadas na sociedade.
Construtivismo significa que nada a rigor está pronto. O conhecimento resulta da interação do indivíduo com o meio físico e social, desde que lhe sejam apresentadas propostas significativas e que possibilitem conclusões e ações que levem ao conhecimento.Construtivismo é uma forma de conceber o conhecimento: sua gênese e seu desenvolvimento – e, consequentemente, adquirir um novo modo de ver o universo, a vida e o mundo das relações sociais.
A prática construtivista condena a rigidez nos procedimentos de ensino, as avaliações padronizadas e a utilização de material didático deve ser vista como meio e, não, como um fim em si mesma. O material didático deve fazer parte do processo de estímulo à reflexão e ao pensar, tem, portanto, que ser significativo e ter correlação com a proposta pedagógica que lhe serve de pano de fundo. O que não pode é um material pronto e que não dê espaço ao aluno para sistematizar a aprendizagem ou uma folha em branco que estimule apenas o espontaneísmo.
Os passos para que a aprendizagem ocorra, seguindo uma abordagem construtivista, são:
• coleta de dados que visa à descoberta pelo aluno (e também pelo professor) daquilo que ele sabe sobre o que lhe está sendo apresentado e daquilo que ele vai aprender;
• a sistematização do que foi aprendido e essa é uma etapa importante ou os conhecimentos ficam esparsos e acabam no espontaneísmo; na sistematização, o professor organiza a nova proposta;
• fixação é o momento em que se trabalha a essência do que foi aprendido/ensinado. Então, o material a ser utilizado é um importante recurso, desde que tenha significado e esteja ligado às etapas anteriores; o momento da fixação não pode ser menosprezado, pois é aí que, de várias maneiras, o aprendido ganha consistência e pode ser aplicado pelo aluno a diferentes situações;
• avaliação tem muitos caminhos e todos devem levar à avaliação do processo e não, apenas, do aluno, oportunizando nova coleta de dados, corrigindo desvios e acertando a metodologia.
Enfim, falamos de um processo sempre em movimento. A interação é a mola mestra desse processo, o professor, o par mais capaz, aquele que estimula, que propõe e instiga a curiosidade do aluno. Essa é a verdadeira proposta construtivista. Porque o construtivismo não significa que não pode haver o “input” do professor, não significa banir todo e qualquer material que se aproxime de um modelo, não significa entregar uma folha em branco para o aluno expressar o que aprendeu. Construtivismo é um processo em constante movimento em que se propõe um ciclo que começa na coleta de dados e tem na avaliação um recomeço.
Uma das propostas mais interessantes para se trabalhar dentro de uma abordagem construtivista é a de Projetos Temáticos que se caracteriza pela forma de partir de um determinado tema ou conhecimento e permitir a aproximação da identidade e das experiências dos alunos, criando um vínculo com conteúdos escolares entre si e com os conhecimentos e saberes produzidos no contexto social e cultural, bem como com problemas que dele emergem. É a proposta mais adequada para se trabalhar com construtivismo porque se apoia no significado que possa ter o conhecimento para o aluno.
Construtivismo vem de construir. Construir o conhecimento através de experiências significativas, participação ativa no processo de aprendizagem, experimentação, descobertas bem orientadas.