O Desafio do “HOMESCHOOLING” para as famílias e escolas

O Desafio do HOMESCHOOLING

Por Rita Melo, psicóloga clínica e escolar, especializada em desenvolvimento infantil, neuropsicologia e psicopedagogia. Está à frente do Espaço Liberi de Atendimento Infantil@espaco.liberi

Com a chegada do COVID-19 no Brasil, a determinação de fechamento das escolas, bem como a orientação de isolamento social, teve a intenção de salvar vidas. Os decretos, que jamais poderiam ser pensados por nós como algo possível para o nosso tempo, nos trouxeram a sensação de estarmos participando de um filme de ficção científica.

Fomos tomados por um misto de emoções: medo, angústia, insegurança, desespero (até), desamparo (principalmente na questão financeira), empatia, solidariedade, desejo de proteção e de proteger, união da família, fé. Com a extensão do período de isolamento, famílias e escolas se viram frente a um novo desafio. Além de toda a tensão que já vinham experimentando, em menos de 2 semanas, surge a necessidade de dar continuidade às rotinas e conteúdos escolares online, no sistema de homeschooling desde a Educação Infantil.

Elaborar plano de ação para ser encaminhado, decidir plataformas, planejamentos, produção de videoaulas, elaboração de atividades online… Diretores, coordenadores, professores extremamente empenhados e se reinventando para dar continuidade ao seu trabalho, da melhor maneira possível, e sem nenhuma experiência anterior nesse contexto e nenhuma previsão do investimento que seria dispendido. Ao mesmo tempo em que as famílias atingem altos níveis de estresse, pressionadas pelo trabalho, ameaçadas por redução significativa na renda ou até pelo desemprego/falência, e realizando as tarefas domésticas que se multiplicam com todos os membros em casa.

Ainda precisam se dedicar ao homeschooling? Esqueçam! Muitos questionam essa transferência de função, outros criticam o que vem sendo produzido pelas escolas e acreditam ser algo vazio apenas para justificar o pagamento das mensalidades.

Difícil mesmo pegar todas essas frentes, assumir todas essas funções e responsabilidades, principalmente quando estamos extremamente fragilizados. Mas incrivelmente, é nesse momento que percebemos como somos fortes, potentes e fazedores. Vamos pensar agora do ponto de vista das crianças e dos adolescentes? O que eles estão fazendo em casa enquanto estamos completamente envolvidos e sugados pelas preocupações, pelo trabalho e pelas tarefas domésticas? Ah, eles estão quietos, “calmos”, “abduzidos” pelos eletrônicos.

Sim, os eletrônicos estão sendo os nossos grandes aliados nesse momento, não há dúvida. Que eles sejam perdoados… serão necessários. Mas se quisermos garantir uma rotina que se mantenha mais saudável e qualitativa para as nossas crianças e adolescentes, teremos que dedicar parte do nosso tempo para eles, principalmente aqueles que ficam longo tempo sem contato com uma área externa, com a Natureza. Manter o contato e o vínculo com os profissionais da escola, os colegas de turma e os conteúdos pedagógicos alimenta o pensamento, traz funções para o dia a dia, direciona objetivos, cria metas, disciplina, proporciona maior interação, enriquece o cotidiano, ocupa positivamente.

Os pais não serão professores, não se cobrem. As escolas certamente não se eximirão da responsabilidade pela aprendizagem dos seus alunos, apesar de todas as dificuldades. No entanto, os pais também não podem deixar de apoiar os seus filhos. E talvez o segredo esteja em algumas estratégias e capacidades nem sempre simples de serem colocadas em prática: EXERCITE A RESILIÊNCIA E A FLEXIBILIDADE COGNITIVA, ESTABELEÇA PRIORIDADES, DIVIDA TAREFAS, PLANEJE O DIA EM FAMÍLIA! Durante as aulas online e as tarefas pedagógicas, apoie o seu filho apenas quando for necessário, estimule a autonomia e supervisione.

As tarefas domésticas devem ser divididas entre todos os membros, todos podem contribuir! Planeje o dia em detalhes, com a função de cada um, e os horários ideais para cada tarefa. Mude de estratégia se não estiver funcionando. E deixe para o dia seguinte, sem culpa, o que não conseguiu finalizar. Essas ações certamente tornarão o seu dia muito mais leve do que quando adotamos a postura de sair apagando os incêndios sem nenhuma organização anterior. Claro que os imprevistos vão surgir, mas dessa forma, se torna muito mais simples reestruturar a rotina.

E não esqueça de cuidar da saúde da família: cuide da alimentação e do sono, grandes aliados do sistema imunológico, reserve tempo para atividade física e para exercícios de respiração / relaxamento, fundamentais para o controle da ansiedade. E, é claro, momentos de LAZER, de DIVERSÃO, de TROCA DE AFETO presencial ou online! Eles são possíveis, deliciosos, nosso oxigênio para mantermos a energia que precisamos para passar por essa etapa. E acredite, a verdadeira aprendizagem que os seus filhos estão recebendo e os favorecerá incrivelmente como futuros profissionais e seres humanos, está relacionada ao desenvolvimento da empatia, resiliência, flexibilidade cognitiva, criatividade e capacidade de reagir positivamente aos desafios.

Pense Positivo! Seja realista e otimista! O pensamento negativo só vai gerar aumento da ansiedade. Cuide da sua Saúde Mental! Fique bem! Nos vemos em breve! Até já!