Erro de criação?

Helena Cardoso

Com a popularização dos conceitos psicanalíticos sobre a infância, virou lugar-comum colocar a culpa na mãe sobre as dificuldades enfrentadas na vida adulta. Justificam, por exemplo, uma baixa autoestima devido à presença de uma mãe muito crítica, ou a rebeldia pela criação severa. E assim por diante…

Primeiro, acho importante esclarecer que Freud não fazia este tipo de culpabilização. Esta é uma distorção dos conceitos. Depois, digo que também não sou a favor de responsabilizar nossos pais ou qualquer outra pessoa pelos resultados obtidos em nossas vidas – somos nós os responsáveis pela forma como lidamos com o que quer que tenha nos acontecido. Porém, reconheço que nossa família não decide, mas influencia, sim, as decisões que tomamos.

Em geral, não se obriga um filho a ter o mesmo time do pai ou a mesma profissão da mãe. Essas são influências que fazem com que tomemos caminhos parecidos na vida, de forma natural. São aquelas clássicas famílias que só têm médicos, dentistas ou advogados, por exemplo. Também é comum encontrar essas semelhanças nas “bandeiras” levantadas: nós não comemos carne; somos feministas, socialistas, entre outros posicionamentos.

Algumas influências fazem sentido para a gente, portanto, devemos seguir com elas; outras apenas repetimos automaticamente, sem de fato as apreciarmos. É necessário estarmos constantemente atentos para o que levamos conosco. Somente o que admiramos e nos faz bem deveríamos carregar. O resto?- deixemos com os antepassados.
E você, quais influências traz da sua família?

 
Helena Cardoso é psicóloga, formada pela PUC-Rio, com especialização em Terapia Familiar Sistêmica Breve e Entrevista Motivacional. É supervisora clínica na instituição Núcleo-Pesquisas, e faz atendimentos individuais, de família e casal em seu consultório. Contribui com textos para o site Disney Babble Brasil. É também sócia fundadora do Véspera, projeto que atua no preparo emocional de noivos para a vida a dois.