Como orientar meu filho na escolha da profissão?

Alzira Willcox

 

Escolher uma carreira pode ser um grande desafio para os jovens porque hoje há muitos caminhos levando a uma enorme variedade de profissões.
Antigamente, e nem tão antigamente assim, havia as clássicas lideradas por Medicina e Direito. E havia (acho que ainda há) a tradição familiar. Famílias de médicos, famílias de advogados direcionando a escolha quase natural dos filhos.
É um momento particularmente importante e delicado. O jovem chega ao Ensino Médio com 14 ou 15 anos na média e tem que fazer a escolha do seu futuro aos 17 ou 18 anos. É preciso muita conversa e muita orientação, ajudando-o a descobrir as suas inclinações e que matérias o atraem mais ou em quais ele sente mais facilidade. Não se trata de escolher por ele ou induzi-lo a seguir uma determinada profissão. Estamos falando de guiá-lo nessa escolha, ajudando-o a refletir sobre suas aspirações e preparando-o para uma boa escolha, a começar por se dedicar mais àquelas disciplinas que serão relevantes para o seu projeto futuro.
Muitos fatores podem influenciar o jovem em sua escolha – colegas, professores, reportagens sobre novas carreiras, um irmão mais velho, as profissões dos pais. E por aí vai. E tudo isso pode ser bastante desanimador – diante de um enorme leque de opções, ele tem que escolher uma profissão que será a sua vida. E nem sempre ele tem noção do que quer. Seus interesses podem ser difusos.
Há os serviços de orientação, hoje coaches oferecem o serviço de apoio, tudo é válido. Não existe fórmula para nada em se tratando de educação, mas há alguns caminhos que podem ajudar. Vejamos.
• Converse com o seu adolescente sobre o que ele pensa e deseja fazer. Procure saber sobre suas ideias acerca do futuro (elas podem diferir das suas), mas o importante é lembrar que a escolha guiada pela paixão oferece muito maiores oportunidades de sucesso. Nunca é demais alertar como é duro se sentir preso a uma carreira que não o satisfaz e como é confortante trabalhar com alguma coisa que se alinha ao seu desejo e paixão.
• Estimule-o a pesquisar na internet novas profissões, novas carreiras e as oportunidades que oferecem. Onde determinadas profissões são mais bem reconhecidas, o ranking das universidades.
• Encoraje-o a ir além em sua pesquisa na internet e buscar também histórias de pessoas e os caminhos que os levaram a abraçar essa ou aquela carreira.
• Aconselhar que converse com pessoas que admira para conhecer a sua trajetória de vida e como se sentem em sua profissão. Fale de si, com toda a transparência: como foi o seu processo de escolha, como se sente em sua profissão, como tem sido a sua jornada. É válido conversar com amigos, vizinhos, professores, colegas da escola e saber como fizeram suas escolhas para descobrir o máximo que puder e formar a sua ideia sobre diferentes carreiras.
• Se o adolescente já revelou interesse em um campo específico, ajude-o a encontrar workshops, palestras das quais ele possa participar e aumentar o seu grau de conhecimento sobre a carreira que pretende seguir. É válido visitar feiras e demonstrações das habilidades específicas requeridas em determinadas profissões.
• Outra possibilidade é fazer com que o adolescente tenha contato com o mundo do trabalho, mundo real. Visitar o seu local de trabalho ou de alguém que se disponha a recebê-lo pode ser proveitoso e trazer uma visão concreta do mundo do trabalho.
• No mais, converse com seu filho ou filha sobre ter objetivos, noção de para onde quer ir e, muito importante, para onde não quer ir de jeito nenhum.
E o último ano do Ensino Médio já começa carregado de expectativas, de ansiedade pelo vestibular, pela prova do ENEM. O ideal é que o adolescente chegue ao terceiro ano com uma ideia sobre a profissão que pretende seguir. Mas às vezes isso não acontece e a escolha é feita sem grande segurança ou certeza. Há ainda o caso de uma escolha sem nenhuma dúvida redundar numa grande decepção quando começa a faculdade. Pode acontecer, sim. E não é uma tragédia. O importante é recomeçar e tentar encontrar uma profissão que atenda ao seu interesse, à sua vocação e às suas habilidades.
E só lembrando que, por mais maduro que seja, um jovem de dezoito anos não dispõe de todas as variáveis para fazer uma escolha certeira que regulará a sua vida futura. Então vamos permitir que nossos filhos se equivoquem na escolha da profissão e queiram tentar outra vez. Resta-nos apoiá-los e dar-lhes o necessário suporte.
Finalizando, conversem muito com seus filhos adolescentes, desde sempre, mas especialmente quando vão terminando o Ensino Fundamental. Ampliar os horizontes dos jovens para que eles possam fazer boas escolhas é o que os pais desejam. E boa sorte!