Alzira Willcox de Souza
Que tal discutirmos sobre autoridade e autoritarismo?
O que é ser um pai/mãe autoritário? Ser autoritário é diferente de ser um pai/mãe que exerce a autoridade? E o pai/mãe permissivo tem medo de exercer a autoridade e perder o amor dos filhos? O pai/mãe provedor cumpre um papel e só, não precisa se envolver, pode delegar a educação dos filhos?
O autoritarismo representa exacerbação do poder paterno. Regras devem ser obedecidas porque são regras. Ponto. Os pais autoritários exigem obediência. Regras devem ser obedecidas sem explanação ou discussão. Acreditam que punição e castigo podem funcionar na educação de seus filhos.
A autoridade emana do conhecimento das regras e a visão clara do que representa educar. As regras são postas e democraticamente conduzidas, numa espécie de resolução conjunta. Ou seja, os pais estão abertos a ouvir seus filhos e não simplesmente impor regras para serem obedecidas e jamais questionadas. Pais que exercem sua autoridade sem autoritarismo acreditam no diálogo mais do que nas punições. Estão prontos a ouvir e apoiar, dar suporte aos filhos com assertividade e afeto sempre. Valorizam e estimulam a autonomia, o senso de responsabilidade, a assertividade.
E existem os pais permissivos. Pais que não se colocam no lugar de pais, não estabelecem regras e não se preocupam em dar limites. Confundem o não-autoritarismo com leniência, têm dificuldade em dizer “não”, não conseguem ser assertivos, colocam-se na posição de amigos.
E há ainda os pais provedores. Dão tudo de que os filhos precisam, compram-lhes tudo, mas delegam autoridade e atenção. Envolvem-se pouco no dia a dia dos filhos e são pouco comprometidos com a sua educação. Preocupam-se em prover os filhos das necessidades básicas, garantir que nada lhes falte, mas não estão presentes afetivamente. Embora possam até fazer-lhes carinhos, mantêm-se distantes. Adotam uma espécie de terceirização em relação à educação dos filhos.
Não se trata de colocar os pais em uma prateleira. Claro que há nuances, há circunstâncias, mas a reflexão é necessária. Encontrar o melhor caminho e rever posturas e atitudes nessa árdua tarefa que é educar. Não há receita, não há prescrições determinadas e há sempre erros e acertos. Continuemos a busca incessante do acerto. O ingrediente indispensável é o amor.
E o que vem preocupando psicólogos, psicopedagogos, professores, educadores em geral é exatamente essa terceirização que recai muito sobre a escola, principalmente no que se refere a habilidades sócio-afetivas. Então, à escola cabe ir além e suprir as necessidades sócio-afetivas de crianças e adolescentes? Essa é uma discussão ampla e que tem mobilizado grupos de educadores em busca de saídas quanto à real missão da escola. Refletir é preciso. Repensar os papéis de cada um, escola e família e esperar que cada um o assuma sem culpar e criticar apenas. Assuma a parte que lhe cabe, dando o seu melhor sempre.