Ansiedade e depressão entre os jovens, por quê?

 

Alzira Willcox

 

 

Se observarmos os jovens à nossa volta, jovens bem nascidos, com razoável poder aquisitivo, aparentemente eles têm uma vida boa. Pais atenciosos e que lhes dão suporte quando necessário, boas escolas, roupas e acessórios da moda. Ou seja, nada para trazer grandes preocupações.

Entretanto levantamentos dão conta de que aumenta o número de jovens que sofrem de depressão e ansiedade. Vivem em luta com os sintomas. Talvez seja o mais inquietante sintoma dos medos que assolam o século XXI.

Os adolescentes de hoje têm a imagem de serem mais frágeis, menos resilientes, mais oprimidos e também mais superprotegidos do que o foram seus pais. E várias situações explicam esse quadro. Tudo acontece numa velocidade grande e ninguém se sente preparado para enfrentar a violência de todo dia. Como não tentar superproteger os filhos?

Numa análise aligeirada podemos concluir que são mimados, paparicados, postos numa redoma, controlados demais, atendidos em seus desejos de consumo, na maioria. Mas um olhar mais acurado pode nos mostrar porque os jovens estão sofrendo. Ansiedade e depressão, principalmente quando estão no Ensino Médio, têm sido frequentemente constatadas. E meninas são mais afetadas. Ainda há certo tabu em torno dos desequilíbrios psíquicos. As pessoas ou não se dão conta do transtorno ou não solicitam ajuda para o seu sofrimento. Ou escondem dos pais e amigos. Famílias tendem a não valorizar as queixas que tocam essa área. E não percebem os sinais. Às vezes, quando os percebem, o transtorno já está instalado e em maior gravidade. O percentual de jovens que recebem tratamento psiquiátrico é pequeno. 

É preciso que fique bem claro: transtorno de ansiedade está ligado à depressão. É importante tratar de ambos simultaneamente. Mas por que a ansiedade leva á depressão?

Ansiedade não é só agitação, preocupação que se traduz no que chamamos nervosismo. Ansiedade pode causar um medo incontrolável de coisas que não preocupam ou afetam as pessoas normalmente. E gera pânico. O que devemos ter em mente é que quem sofre de ansiedade e vive sob a tensão do medo sabe que são medos irracionais muitas vezes, mas não conseguem se livrar deles e seguir a sua vida. E a incidência de depressão em adição à ansiedade é alta e, insidiosamente, vai se instalando.

Infelizmente ansiedade é gatilho para depressão e vice-versa – uma pessoa deprimida frequentemente se sente preocupada ou ansiosa. Geralmente a crise de ansiedade vem primeiro. E, sim, pode haver uma predisposição biológica ou genética para ambas. Especialmente em relação à ansiedade, mais do que à depressão, há uma história familiar o que leva os especialistas a afirmarem que existe uma predisposição genética. Ansiedade pode passar de pais para filhos, afirmam.

Existem alguns sintomas detectáveis por nós, leigos.

  • Medo irracional e preocupação constante.
  • Alguns sintomas físicos como taquicardia, cansaço, dor de cabeça, calores repentinos, ruborizando, sudorese, cólicas intestinais, dificuldade de respirar.
  • Insônia.
  • Dificuldade para tomar decisões, dificuldade de concentração e memorização.
  • Constante sensação de tristeza ou autodesvalorização.
  • Perda de interesse em se distrair, sair, desenvolver alguma atividade prazerosa.
  • Sensação de cansaço e irritabilidade.
  • Impossibilidade de relaxar.
  • Ataques de pânico.

O importante é ficarmos atentos ao comportamento dos jovens e, se percebermos alguns desses sintomas, procurarmos ajuda profissional. Pode ser preciso tratar com medicamentos que equilibrem a produção de neurotransmissores, fazer psicoterapia ou ambos. Minimizar o que o jovem sente é perigoso. As pessoas que o amam, se o perceberem lutando com a ansiedade e depressão, precisam dar-lhe o necessário apoio, procurando um psiquiatra, se o caso o pedir.

Ninguém precisa sofrer de ansiedade ou depressão sem dividir com quem ama e pedir ajuda.

Por que as estatísticas mostram que é quando estão no Ensino Médio principalmente que aparece o transtorno de ansiedade? Talvez porque seja um momento que exige crescimento. O vestibular se avizinha e as aulas são voltadas para prepará-los. Poucas aulas leves e prazerosas. Cobrança é a palavra de ordem. E está próximo o momento crucial de escolher a carreira a seguir. Grande responsabilidade para um jovem com dezessete anos, em sua maioria. Os momentos de estresse são inevitáveis, mas com o suporte familiar podem-se evitar as crises de ansiedade ou minimizá-las. Ignorá-las, não. São transtornos sérios e como tal devem ser tratados.

 

 

 

 

 

 

 

                

 

 

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