As modas e os modismos não estão presentes somente no mundo fashion das passarelas: são parte integrante do segmento educacional. É importante que eles existam para termos parâmetros e possamos tomar por base o que veio pra ficar, o que faz sentido na Educação e o que vai passar em breve. É importante porque nos obriga a fazer releituras de conceitos e métodos antigos e nos faz questionar e aplicá-los às nossas realidades.Visitando a feira de Educação Bett EDUCAR em São Paulo em maio último, passei pelas últimas tendências da Educação em stands cheios de cores e alegrias.
Passei por empresas prestadores de serviços para escolas, passei por sistemas de ensino, brinquedos educativos, editoras, cursos de Inglês para escolas e, sobretudo, passei pela onda do mercado: cursos de educação tecnológica: programação, robótica, e muitos outros recursos tecnológicos.
As palestras focaram em projetos inovadores, tanto em matérias extracurriculares como a própria Robótica pode ser, quanto no currículo básico com inovação até em Matemática. Teve Augusto Cury, veterano na feira, Mario Sergio Cortella falando de ética, e palestras internacionais de especialistas da Microsoft, Cisco e Intel, entre outros. Teve até palestra com a secretária de educação de Helsinque falando sobre o projeto de educação da Finlândia. Muitos temas e abordagens Para quem sem dispôs a passear entre os auditórios de todos os tamanhos.
Voltando à “última palavra em Educação”, o que mais vi na Bett Educar foram cursos incríveis de Robótica. Lego Education foi a grande estrela do evento, inclusive. Em um determinado momento das visitas eu cheguei a me sentir dentro da FAO Swartz da 5a Avenida em NY de tantos atrativos tecnológicos para quem pelos corredores passava.
Sabemos que a educação tecnológica veio para ficar e isso nem se discute. Mas eu me perguntei algumas vezes como emplacar em maior escala certos módulos como a própria Robótica com a Lego, em lojas próprias ou no modelo IN SCHOOL. Escolas com orçamento apertado, famílias mais apertadas ainda, e sobretudo material didático (Leia-se kits) caros, muito caros para a realidade brasileira. E olha que estou falando do universo das escolas particulares – impossível cogitar as escolas públicas. Afinal, com toda a crise que vivemos no país hoje, acho difícil redes de ensino público fazerem investimentos maiores nesse setor.
Se a ideia de tornar os alunos verdadeiros makers é um caminho sem volta, o formato do negócio em que isso vai se dar é ainda um sonho, um modismo. Até porque, cá entre nós, legal mesmo é montar algo que vai ser seu e que você pode levar ao final do curso pra casa e brincar com um brinquedo feito por você. Eu brincava com minhas sucatas e bonequinhas de papel que vestiam roupas desenhadas por mim. Era o máximo. mas isso é impossível com o custo dos kits de Robótica. Sendo assim, o hands-on do aluno num espaço maker se limita a 2 horas semanais em média. Aquele coisa legal de brincar com o que construiu? Esquece! Só se os pais forem muito ricos e puderem arcar com um kit exclusivo pro seu filho. Há de ter outra saída para a Robótica como projeto educacional e utopicamente inclusivo.
Há que se pensar na popularização destas ferramentas de ensino que, ao contrário dos softwares de gestão e dos sistemas de ensino, não conseguirão ter escala fácil no formato que estão. E se usássemos lixos eletrônicos? Pensemos juntos, educators and makers of the world!
O mérito da Bett EDUCAR continua sendo incomparável ao promover troca e interatividade entre os vendedores de produtos educacionais, os prestadores de serviços e as escolas clientes em potencial.
Afinal, graças ao evento, estou aqui tendo a chance de discutir questões como essa e entender o contexto e a quantidade de players nesse mercado imaginário que os cursos de computação pensam ter.
Artigo publicado originalmente no Blog da Bia no Portal R7
http://entretenimento.r7.com/blogs/bia-willcox/as-modas-na-educacao
by Bia Willcox