A educação é passaporte para o futuro. E a escola está preparando para o futuro?

Alzira Willcox

 

Toda criança nasce com um grande potencial criativo que a faz olhar o mundo com curiosidade. Curiosidade que a leva a fazer perguntas e reflete seu grande interesse sobre tudo que a cerca. Através das brincadeiras vai construindo conceitos e aprendendo de forma espontânea e interessante.
Infelizmente essa disposição de descobrir, essa mentalidade espontânea e positiva vai mudando à medida que cresce. O que faz com que o impulso de aprender e a curiosidade inata vão perdendo significado e sejam, de certa forma, arruinados é a entrada na educação formal, a entrada no Ensino Fundamental. Infelizmente essa constatação foi comprovada pelos americanos através de testes que medem o pensamento criativo das crianças do Jardim ao Ensino Universitário. A triste conclusão lá, mas que não é diferente daqui, é que a criança abandona o pensamento divergente – aquele que instiga a curiosidade de aprender- quando sai da Educação Infantil (Jardim de Infância). No Jardim de Infância (prefiro usar essa denominação) elas são genuinamente criativas, descobrem várias soluções para problemas do cotidiano e para as atividades que lhes são propostas. Elas não se prendem a modelos e constantemente surpreendem com caminhos novos que propõem diante de um problema. Pois bem, essa habilidade é reduzida drasticamente na jornada através da educação formal e um número pequeno de indivíduos continua criativo quando chega aos 25 anos.
Quando paramos para analisar esse quadro e nos debruçamos sobre a educação em nosso país, concluímos que o sistema educacional ainda não está conectado ás habilidades requeridas para o século XXI. Parece clichê essa afirmação? Não é. Embora haja um movimento de algumas escolas para reverter esse quadro, a escola em geral prioriza o conhecimento acadêmico, as disciplinas tradicionais, a memorização em vez de incentivar habilidades como solução de problemas – aqui, eu aponto para visão mais ampla de problemas, não só os matemáticos, os de aplicação de fórmulas -, criatividade ou colaboração.
Educação é o passaporte para o futuro e as escolas têm falhado em trabalhar algumas importantes habilidades que serão indispensáveis ao futuro, às novas profissões que deverão surgir ao longo do século, enquanto outras tendem a desaparecer.
Infelizmente ainda há uma lacuna entre o avanço das conquistas globais, especialmente na área tecnológica e o que até mesmo as melhores escolas estão ensinando. Vamos pensar em que competências os jovens precisam adquirir.
Dr. Tony Wagnar, da Universidade de Harvard, no seu livro The Global Achievement Gap, identifica sete competências que a criança precisa para sobreviver no mundo do trabalho no futuro próximo.
1. Pensamento crítico e solução de problemas
O mundo será muito mais competitivo porque tanto produtos quanto serviços e processos estarão em contínuo desenvolvimento. E para fazer frente a isso é necessária mão de obra preparada. Ter competência para pensar criticamente e estar apto a fazer as perguntas certas para atingir o cerne de um problema é o que se esperará cada vez mais dos empregados e funcionários em geral.
2. Colaborar através de diferentes redes de trabalho e exercer influência, demonstrar liderança.
Num mundo interconectado, a habilidade de trabalhar em grupo, agregar pessoas e exercer a liderança, influenciando os parceiros é extremamente importante.
3. Agilidade e adaptabilidade
A habilidade de se adaptar e adquirir novas competências são primordiais para ser um profissional de sucesso. Estar sempre aberto a novas aprendizagens, pronto a usar as ferramentas disponíveis para solucionar um problema. Ser ágil é estar pronto para agir em qualquer circunstância.
4. Ter iniciativa e ser empreendedor
A atitude que se espera é a de certa dose de ousadia e lembrar que é importante tentar e não ter medo de não ser bem-sucedido.
5. Ser competente na comunicação oral e escrita
Indispensável ter boa articulação do pensamento tanto para falar, quanto para escrever. Não se trata de domínio de regras gramaticais ou da ortografia, mas, sim, da capacidade de comunicar com clareza e coesão as suas ideias. Se o profissional tem excelentes ideias, mas não consegue comunicá-las bem, ele está fadado ao fracasso.
6. Saber acessar e analisar informações
É imensa a quantidade de informações com que os profissionais, empregados têm que lidar diariamente. Então, cada vez mais, é necessário saber peneirar informações e selecionar as relevantes.
7. Curiosidade e imaginação
Curiosidade e imaginação são as chaves para resolver problemas e promover inovações. E voltando ao início desse artigo: nós nascemos curiosos, criativos e imaginativos e perdemos isso porque a escola nos ensina que é importante saber a resposta certa para se dar bem nas provas.
Enquanto as aulas forem na maioria expositivas, enquanto se priorizar a transmissão pura de conhecimentos, enquanto se abafar a curiosidade do aluno em nome da disciplina, podemos afirmar que a escola não está preparando para o futuro e continua se guiando por metodologias que serviram bem a outras épocas.
As inovações estão aí. Novas tecnologias para a educação são discutidas em seminários; workshops online são oferecidos frequentemente. É abraçar o novo sem medo e se preparar para o que vier.