A aprendizagem é linear? O que nos mostra a “Geração Z”?

Alzira Willcox

Qual é o grande desafio das escolas no momento que vivemos diante da geração Z, uma geração que conhece o mundo pela tecnologia touchscreen? Uma vasta produção de conteúdos está à disposição dessa geração através de um simples clique. E eles também podem produzir conteúdos com relativa facilidade. Fora do espaço da escola, essa geração aprende inter-relacionando disciplinas, buscando novos cenários e experiências. A aprendizagem não é linear. A vida não é linear.

Será que o modelo tradicional de escola que divide o tempo e as aulas em blocos para ensinar conteúdos continua a atender as demandas da geração Z? Esse modelo tradicional linear gera desinteresse e mesmo indisciplina é o que pensa o professor americano Dwight Carter, diretor da New Albany High School em New Albany, OH.

Diz o professor Carter que fora da escola a maioria das pessoas aprende através de disciplinas e também de diferentes cenários e experiências diversas. Mas a maioria dos estudantes, mesmo hoje, quando o conhecimento está literalmente ao alcance da nossa mão, bastando um toque na tela do computador; a maioria dos estudantes é submetida ao sistema antigo que cria blocos de tempo para que aprendam uma determinada matéria, no modelo da era industrial, modo de produção das fábricas.

E ele argumenta que aprendizagem é vida ou deveria ser e que não há nada de linear na vida. A vida é irregular, logo a aprendizagem é também irregular.

E vamos então falar de hoje, da era da informação – um tempo disruptivo, de quebras de paradigmas e padrões, com elevado índice de transformações provocadas pelo avanço da tecnologia. E o sistema educacional não vai sofrer ou propor mudanças? Porque os jovens da dita geração Z aprendem por caminhos fundamentalmente diferentes do que era no passado.

A partir dessa análise, Prof. Carter aponta três pontos a considerar face ao desafio de satisfazer as necessidades da Geração Z – ainda nos próximos anos (tais considerações foram feitas em 2015).

  1. A tecnologia assíncrona faz da aprendizagem uma atividade constante. Com o surgimento do ensino online, das plataformas educacionais, das redes sociais, os estudantes estão aptos a se conectar e comunicar-se com seus professores e colegas para que a aprendizagem se estenda para além das paredes de uma sala de aula e do tempo de um dia escolar. Tempo, espaço e lugar são variáveis no processo de aprendizagem enquanto no passado próximo costumavam ser constantes.
  2. É preciso mudar as estratégias de ensino devido aos cada vez menores períodos de atenção dos estudantes. Professores vêm desejando que a aprendizagem seja mais dirigida ao estudante ou pelo estudante. Das ferramentas escolhidas pelos professores no ano de 2015, cinco delas eram escolhidas por permitirem mais independência dos alunos ou permitir o seu maior envolvimento. Jovens da Geração Z buscam e pesquisam milhares de imagens digitais por dia, então para tornar a aprendizagem mais relevante para eles, não basta oferecer todas as formas possíveis de multimídia, mas lhes dar poder para criar e integrar multimídias para demonstrar a sua aprendizagem. Se for adotado, o uso da tecnologia em sala de aula será um subproduto natural.
  3. O principal é focar nas habilidades globais para o desenvolvimento dentro da matéria que está sendo ensinada. Há um prognóstico de que a Geração Z mude de carreiras umas dez a quatorze vezes antes de se aposentar. Se isso for verdadeiro, é impossível ensinar-lhes todas as matérias de que precisarão para estarem preparados para a vida. É preciso pensar em caminhos para desenvolver as quatro chaves de habilidades globais: comunicação, colaboração, criatividade e pensamento crítico. Isso, em cada área específica das matérias. Outra possibilidade muito rica e interessante é criar cursos interdisciplinares que deem aos estudantes a oportunidade de aprender de forma muito mais significativa. E mais, é preciso também integrar a tecnologia para ajudar os alunos a escolher que problemas eles desejam ajudar a solucionar – local, regional ou global. Esse desejo, sem dúvida cria condições para que o aluno desenvolva as necessárias habilidades que transcendam carreiras ou empregos.

Talvez seja difícil para nós absorvermos tais ideias de imediato porque estamos mergulhados no sistema educacional tradicional, mesmo que com algumas incursões em projetos mais ousados. Mas é preciso que reconheçamos que as ideias levantadas pelo Prof. Dwight Carter são brilhantes e escoradas por análise pertinente sobre a nova geração de estudantes.

Não há dúvida que a tecnologia revolucionou o mundo em todos os campos do conhecimento. Como o sistema educacional se postará diante disso é ainda uma incógnita, embora se percebam movimentos aqui e ali no sentido de acompanhar a nova era.

Sobre o Prof. Dwight Carter ler mais em https://www.edsurge.com