Reflexão em educação

Alzira Willcox

 

Nenhuma novidade nesse título. Educação exige reflexão. O professor principalmente precisa refletir sobre o seu trabalho. Vamos falar um pouco disso.
O professor precisa pensar no que faz, ser comprometido com a sua profissão e capaz de tomar decisões. Ele deve atender, claro, ao contexto em que trabalha, mas interpretando-o, e adaptando-o à sua atuação e ao momento que está vivendo com os seus alunos. Diante de um grupo de alunos, precisamos pensar rapidamente em utilizar uma prática ou recurso diferente do que foi planejado se o comportamento do grupo o estiver exigindo. Seja por estarem desmotivados, seja por se mostrarem cansados no fim do dia, por exemplo, ou muito agitados por qualquer razão. Aí, entra a capacidade de o professor analisar o momento e não insistir em seguir rigorosamente o planejamento. Se não tiver essa capacidade de análise rápida e segurança para apresentar uma nova proposta, o professor corre o risco de se robotizar.
O professor age em situações instáveis e, na maioria das vezes, indeterminadas. Então, ele necessita ter muita flexibilidade, um saber fazer inteligente que alia teoria e prática e mistura tudo. Assim, ganha experiência, amadurece cada vez mais na sua prática. Refletindo sobre o seu trabalho, sempre. Registrando o que fez e colhendo dados para o que fazer adiante.
Então vamos tocar num ponto crucial. Como se caracteriza o trabalho de um professor/educador do tipo que mencionamos? Resposta simples: pelo questionamento. Ele deve ser capaz de levantar dúvidas sobre o seu trabalho. Não apenas dúvidas superficiais sobre a sua prática. Ir mais fundo, saber o que acontece com o grupo, com aquele aluno que tem mais dificuldades, com o outro que tem ar de sono, com o outro que não consegue parar quieto. Questionar sempre. Mas questionar é difícil, muito difícil. Exige muita vontade de aprender a fazer. Não basta apenas descrever um acontecimento em sua aula para considerar-se reflexivo. É preciso mais. Percebe-se que o professor tem uma prática questionadora através da reação dos alunos. Geralmente os alunos de um professor questionador também o são. Tendem a ter mais autonomia, a serem interrogadores e não meros repetidores, decorando a matéria.
O professor reflexivo, questionador, entende que a avaliação é um processo que se constitui de várias etapas, que não é apenas um teste ou prova. E mais, ele se inclui no processo. Se o resultado foi mau, ele irá perguntar-se: por quê? De quem é a responsabilidade pelo mau resultado? Eu não ensinei bem? Não houve a necessária fixação? Os alunos não se dedicaram aos estudos? Usei bem os instrumentos de aferição da aprendizagem? Tive claros os meus objetivos? Deixei-os claros para os alunos? Terão eles reais dificuldades de aprendizagem? Há inúmeras questões a se fazer e, em seguida, mergulhar na busca das respostas, nas causas de tal ou qual resultado.
O professor questionador usa o material didático, segue o que propõe o livro adotado, suas atividades, mas não o segue sem questionar, não se torna mero repetidor.
O professor pode se tornar reflexivo. Se tiver alguém que o ajude, melhor. O coordenador, supervisor ou diretor o levarão a responder perguntas que induzam a um aprofundamento do próprio pensamento. Mas há também a estratégia de registro. O professor vai registrando o que aconteceu na sua aula – o que deu certo, o que não deu, a atitude dos alunos, as dificuldades que percebeu nos alunos, as próprias dificuldades, situações de sala de aula, enfim.
Algo muito importante que é preciso ter em mente é que os envolvidos com e em educação precisam ter consciência de que o processo é sempre inacabado, sempre em desenvolvimento. E todos são ensinantes e aprendentes. Buscar uma unidade de pensamento dentro da instituição é um desafio e meta. Os responsáveis, coordenadores – supervisores – diretores, precisam promover momentos para trabalhar essa unidade de pensamento em conjunto. Todos os que trabalham na instituição têm que estar andando reflexivamente na mesma direção. A meta é fazer cada vez melhor.