Pergunta estranha, mas não descabida. Explico por quê.
Pesquisas na Inglaterra, principalmente, dão conta de que o aprendizado de uma segunda língua tem para o cérebro o mesmo efeito que os exercícios físicos para os músculos. Após analisar imagens de exames cerebrais em pessoas que falam pelo menos dois idiomas fluentemente e cotejá-las com imagens de cérebros de pessoas que só falam a língua materna, cientistas concluíram que o aprendizado de idiomas exercita o cérebro. E mais ainda, com o seguimento da pesquisa, outra revelação – os cientistas concluíram que o impacto positivo do aprendizado de um segundo idioma é muito maior na infância, quando o cérebro está em desenvolvimento.
Em 2004, há 13 anos, na revista Nature, cientistas britânicos publicaram artigo em que informavam sobre as pesquisas acima mencionadas. Diziam eles que o bilinguismo muda a anatomia do cérebro. Descobriram que a matéria cinzenta das pessoas bilíngues adquirira maior volume na região associada à linguagem. Quanto mais cedo a iniciação no aprendizado de um segundo idioma, maior será a possibilidade de o indivíduo ter aumentada a sua massa cerebral. Associada a essa descoberta vem a constatação que a criança aprende idiomas com muito mais facilidade do que o adulto. Embora – e aí estamos diante de uma grande notícia – o cérebro do adulto também ganhe massa com a estimulação do aprendizado de um segundo idioma. É verdade que em muito menores proporções, mas estimula a memória, o que é significativamente bom.
Os neurocientistas também observaram a relação entre o aumento da matéria cinzenta e o nível de proficiência, maior nos que aprenderam a falar um segundo idioma mais cedo.
A conclusão importante é que uma criança pequena, de três a cinco anos, tem ganhos significativos no aprendizado de uma língua estrangeira em razão da maior plasticidade do cérebro que sofre mudanças estruturais positivas. Com a idade, a plasticidade do cérebro diminui e a possibilidade de mudanças estruturais é menor.
Hoje não há mais dúvidas quanto à importância do aprendizado precoce de uma segunda língua. A ideia do ensino de Inglês desde cedo está amparada pela neurociência e pelas exigências do novo milênio que pede domínio do inglês para o indivíduo ser inserido no mundo do trabalho, principalmente no mundo virtual em que as oportunidades são, na maioria, para quem domina o inglês.
Então, a resposta à pergunta inicial: pode-se fazer musculação para o cérebro. A neurociência tem trazido importantes descobertas para a educação. Tratemos de aproveitá-las.
Alzira Willcox