Alzira Willcox
Dia 5 de junho é o dia dedicado ao meio ambiente. Precisamos de um dia para refletirmos sobre a Terra, o ambiente de todos. Sim, junho é o mês da Terra.
O momento pelo qual estamos passando, em razão da pandemia da Covid19, de isolamento ou distanciamento social, trouxe surpresas em relação ao meio ambiente. Diminuiu a poluição, os mares estão mais limpos, os animais marinhos estão sendo vistos em águas claras, animais em geral saem dos seus refúgios… Tudo porque o homem se recolheu. É triste que dependamos do meio ambiente e que o agredimos e maltratamos.
Como educadores estamos em uma posição privilegiada para inspirar e capacitar alunos para que sejam os defensores do meio ambiente de hoje e do futuro. Não há melhor momento para considerar essas oportunidades do que durante o Mês da Terra. É um momento singular em que o meio ambiente dá sinais de alguma recuperação a partir da quarentena e recolhimento do homem.
No entanto, precisamos ter em mente certas dinâmicas que podem significar a diferença entre conectar-se em um nível significativo e perder-se em abstrações. Por muitos anos, o movimento ambiental foi sobre a conscientização. Essa era uma abordagem muito necessária em uma época em que o acesso à informação era muito diferente do mundo conectado, em tempo real, 24 horas por dia, 7 dias por semana, no qual vivemos hoje. Agora, se queremos que as coisas realmente mudem para melhor, precisamos mais da juventude. Apenas estar ciente não é mais suficiente; nossa juventude deve agir. Através da sala de aula, os educadores têm acesso e oportunidades incomparáveis para ajudarem os alunos a entender sua relação e o impacto sobre o planeta.
A boa notícia é que temos alguns recursos surpreendentes para ajudar a fazer essas conexões críticas com os jovens e até com o público mais amplo que eles podem influenciar. As mídias sociais e outras plataformas de tecnologia são veículos poderosos que dão voz e influência a esses jovens. Abordagens educacionais ajudam a incorporar a importância de experiências práticas e certamente têm o poder de transformar o olhar dos mais jovens sobre o imperativo de cuidar da natureza. Recursos que nos dão a possibilidade de sensibilizar os jovens para que se envolvam verdadeiramente com o meio ambiente, o seu ambiente. A sensibilização se dá através do que lhe é próximo, o respeito a preceitos e regras em relação ao lugar em que vive, à limpeza, à saúde, ao respeito às regras estabelecidas.
Nesse momento grave da pandemia, é importante reforçar as medidas sanitárias recomendadas pelos órgãos de saúde, usar máscaras, manter distanciamento social. É o início de sair da simples conscientização e partir para a prática – cada um pode e deve fazer a sua parte pela comunidade, ter clareza da importância de sua importância em relação à vida de todos.
Essa conscientização ativa se dá a partir do que nos é próximo, do que nos diz respeito diretamente. É abraçando um trabalho concreto e real que se criam os movimentos em prol da preservação ambiental mais ampla. É nas comunidades que a ideia de preservar é incutida, a partir das atitudes mais corriqueiras e simples como não jogar papel no chão, reutilizar, reaproveitar.
O fato é que não precisamos viajar para uma floresta tropical ou ver a situação dos ursos polares em primeira mão para causar impacto e desejar defender o meio ambiente. Existem problemas em todas as comunidades bem próximas a nós e que precisam de nossa atenção e ação imediata, desde o escoamento das águas pluviais que causam as já conhecidas enchentes no verão até as toxinas que chegam pela água que consumimos, como aconteceu no Rio de Janeiro no início desse ano. Essa abordagem que começa em sala de aula funciona e esse trabalho pode cada vez mais ser ampliado, em benefício de toda uma geração.
Abraçar uma causa desde cedo dá sentido à vida e espírito de solidariedade que brota de empatia, de se importar com o outro, de fato. Hoje existem muitos recursos e informações para download que ajudam os jovens a serem informados sobre problemas das comunidades que lhes são próximas. A partir das informações colhidas, pensar nas ações que podem tomar para reduzi-los. Não falo de movimentos assistencialistas tão ao gosto da elite, falo de trabalho, de grupos de ação efetiva para, cuidando do meio ambiente, melhorar a vida de tantos. Questionamos o simples trabalho de conscientização e exaltamos a “mão na massa”.
Os alunos podem compartilhar suas histórias, criar redes de trabalho online mesmo, postando pequenos vídeos, estimulando campanhas numa linguagem acessível aos seus pares. Não precisam ser vídeos profissionais, feitos por empresas do ramo. São propostas simples, mobilizadoras porque refletem o real desejo de contribuir para melhorar a vida no planeta, começando pelo que lhes é mais próximo.
Acredito que a chave para a construção de um mundo sustentável é ajudar os jovens a criar mudanças – uma família, uma escola e uma comunidade de cada vez. E aos educadores cabe a tarefa contínua de conscientizar e propor ações que mudem a mentalidade.
Um coro crescente de jovens em todo o mundo, conectado com outros que fazem o mesmo, pode criar uma base sobre a qual possamos pensar em construir um futuro melhor para o nosso planeta.