Meu filho não está indo bem na escola. Por quê?

Há muitas razões, de fato, lacunas na aprendizagem, inadaptação à metodologia da escola, ansiedade, malandragem… Tudo isso pode interferir no desempenho escolar da criança e do adolescente.
O movimento dos pais, antes de punir por diagnosticar malandragem, deve ser o de chegar junto, aproximar-se, ouvir os filhos e também procurar a escola.
Muitas vezes – não são poucas – há um descompasso entre o nível de exigência da família e o da escola. Os valores de um e de outro.
Observar a proposta da escola – atividades, projetos, fichas de trabalho escolar e provas.
Falamos em provas. Chegamos a um ponto crucial: avaliação da aprendizagem.
A avaliação é um processo abrangente e a prova é um instrumento desse processo. É importante que os professores registrem a produção dos alunos em várias propostas. A nota final não deve ser a nota “seca” de uma prova apenas.
E como o ensino está sendo ministrado? O ensino que privilegia o conhecimento e trabalha a memória, só exige do aluno que decore a informação que o professor passa. Esse conhecimento é de curta duração. Se não tem significado, o aluno o descarta, certamente depois da prova. A memória tem enorme importância como alicerce, fundação, mas não se pode ficar só nesse patamar, o mais baixo, apenas uma plataforma para saltos bem mais altos.
A informação que se transforma na verdadeira aprendizagem é aquela que atinge a compreensão do aluno e ele é capaz de aplicar em situações-problema, dentro ou fora da sala de aula.
O bom ensino é o que leva à compreensão, permite a aplicação. Isso tem que ser trabalhado em cada aula, com diferentes recursos, agregando significado à aprendizagem.
E as provas fazem parte de uma avaliação abrangente de todo o processo. Vemos muitas vezes a preocupação em elaborar provas com questões reflexivas, questões que exigem muito mais do que apenas conhecimento e memorização. Provas que impressionam os pais e clientes em potencial, mas que não avaliam o trabalho desenvolvido em sala de aula. Prova bonita, questões tiradas de vestibulares… Por que isso acontece? Para que a escola receba o rótulo equivocado de “escola puxada”. Paremos aqui para refletir.
Se o aluno vai mal, nem sempre é porque não estuda o suficiente, é dispersivo e/ou por outras razões que não vou aqui elencar. Que tipo de aulas está tendo? São aulas significativas que levam à compreensão e permitem a aplicação de conceitos em diferentes situações? E as provas apresentam questões que exijam o que foi trabalhado, e bem fixado, em sala? Muitas vezes a prova apresenta enunciados não muito claros e bem formulados. Algumas questões são verdadeiras “pegadinhas” com o enunciado confuso, incompleto, genérico.
Então, fiquemos atentos a todo o contexto escolar da criança e do adolescente, além de prestarmos atenção aos fatores domésticos ou psicopedagógicos – aqueles que dizem respeito a alguma dificuldade específica. Mas conhecer o dia a dia dos trabalhos escolares e os instrumentos de avaliação da escola ajuda muito a formar um conceito mais próximo da realidade.
Aos estudantes que não estão indo bem na escola, disciplina, sim e apoio também, tanto dos pais quanto da escola. E atenção aos objetivos da escola. A escola é focada nos resultados para ser bem colocada no ranking do ENEM ou é centrada realmente no aluno para ajudá-lo a superar dificuldades na construção do conhecimento e fortalecê-lo para os desafios do terceiro milênio? Se o ensino focado nas necessidades do aluno for consistente, os resultados da escola também o serão. Essa é uma diferença importante.