Empreender é como arrastar uma pedra gigante por um caminho tortuoso, cheio de dificuldades. O papel de um sócio é ajudar você a arrastar a pedra gigante até seu destino. E quando a empresa está começando, ter sócios com competências complementares é fantástico para fazer a empresa progredir já que serão menos funcionários para contratar e os sócios tem a mentalidade de dono do negócio.
Porém, o que deveria ser muito vantajoso para todas as partes pode se tornar um sério problema se não houver uma afinidade entre as partes e você acabar arrastando a pedra sozinho.
1 – Falta de comunicação
Cada sócio tem que ser escolhido por ter algo a acrescentar ao negócio seja pelo seu perfil, seus recursos, sua experiência ou seus contatos. E o papel que ele vai ocupar na empresa tem que ser baseado no que ele pode acrescentar e não necessariamente só no que ele “gosta de fazer”.
Os sócios têm que conversar a todo momento e discutir os problemas da empresa e novas ideias para o negócio. Por mais que um sócio não goste de lidar com as finanças, ele precisa saber exatamente o que está acontecendo na área de finanças.
2 – Motivações diferentes
Existem muitos motivos para se entrar em um negócio. Cada pessoa tem suas razões específicas e essas razões fazem as pessoas trabalharem pela empresa.
O problema é que quando os sócios tem motivações muito diferentes, isso pode afetar a cooperação entre eles. Isso porque existem aqueles motivados por um ideal, outros querem aproveitar uma oportunidade, alguns empreendem pelo dinheiro e existem aqueles incautos que empreendem achando que vão trabalhar menos.
Ana e a Bia montaram um salão de estética juntas. Ana quis empreender porque sabe que pode criar um salão diferente dos outros trazendo serviços especiais, mas Bia quis empreender porque ela não aguentava seu emprego e achou que sendo dona de um negócio ela iria trabalhar pouco e ganhar muito.
Ana é a dona do negócio que trabalha das 8h às 22h enquanto Bia é a dona do negócio que chega às 11h e saí às 17h. Ana vai se sentir injustiçada e as duas vão brigar, podendo até levar o negócio para o fundo do poço.
3 – Sócio não é cargo
Em paralelo com a falta de comunicação estão a falta de liderança e falta de papéis definidos. Os sócios não trazem sua experiência e perfil diferentes à toa, é preciso que eles sejam responsáveis pelas áreas em que há maior benefício para a empresa.
Como sócios eles devem tomar decisões globais juntos, mas cada um deles deve se responsabilizar por uma área da empresa para que a empresa progrida de forma mais inteligente e não dependa só de um dos sócios para resolver tudo.
Ana adora atender os clientes e interagir com as pessoas, então o sensato é que ela fique responsável por garantir a qualidade no atendimento. Bia gosta e lida muito bem com as finanças, então ela deveria assumir a responsabilidade do setor financeiro do salão.
Elas devem entrar num acordo e definir o horário de trabalho e salário de cada uma. Lembre-se que o salário é definido pelo papel que a sócia exerce e não de acordo com o percentual de participação na sociedade. Então além do salário (pro labore) elas ainda vão repartir o lucro que o salão de estética tiver gerado, este sim de acordo com a participação de cada uma das duas sócias.
Se por acaso Bia decidir abrir mão de trabalhar na empresa e preferir só frequentar algumas vezes na semana para observar as coisas, ela deixaria de receber seu pro labore e só iria receber a participação dos lucros, quando e se houver lucro a ser repartido.
A sociedade é perfeita quando as motivações são as mesmas, tudo está bem planejado no papel e as funções são bem definidas. A grande vantagem está em você ter na sua empresa uma pessoa com habilidades que complementem as suas e vice-versa.
Mas como num casamento, a sociedade tem que ser bem estudada para funcionar sem que haja um litígio gerando perdas para todas as partes, principalmente para a empresa.
E quais outros problemas você acha que são críticos entre sócios?
Rafael Honorato é especialista em gestão e marketing, fundador da Revolutia, consultoria especializada em ajudar pequenas e empresas. Autor de “Os 7 Elementos das Pequenas Empresas“. Já auxiliou mais de 40 empresas a melhorarem seus resultados.
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