O lugar e tempo do CLIL

Sempre me senti e agi meio à frente do tempo normal de as coisas acontecerem e quando elas aconteciam, eu me sentia metade orgulhosa e metade passada pra trás: “Gente, não é novidade! Eu já fiz!!”

Isso ocorreu com certa frequência ao longo de minha vida profissional. 

Não foi diferente quando eu comecei a ouvir “CLIL pra lá, CLIL pra cá”. Quando o burburinho sobre CLIL aumentou, eu já não estava mais tanto em sala de aula, mas ainda tinha, e tenho, tudo bastante fresco na cabeça. E pensei: Pra mim isso não tem nada de novo.

Era profissionalmente hipster. Acho que ainda sou um pouco. A novidade do CLIL me marcou nesse aspecto.

Mas o que é ou quem é esse tal de CLIL?

CLIL é conhecido como um método educacional que tem um duplo objetivo: a aprendizagem da matéria e a aprendizagem da língua que é utilizada como meio de instrução de um determinado conteúdo. Tanto o conteúdo quanto a linguagem são apresentados  de forma constante e simultânea. CLIL é considerado  a síntese inovadora tanto do ensino de línguas quanto do ensino de disciplinas (Nowak, 2011). 

CLIL requer o desenvolvimento de uma nova abordagem de ensino em que a matéria “não linguística” seja ensinada com a ajuda de uma língua estrangeira. Existe mais uma abordagem de aprendizagem que é conhecida como Content-Based Language Learning (CBLL), mas é bastante diferente da CLIL, pois há uma diferença na assimilação pedagógica  dos dois. Foi visto que CLIL é uma ferramenta vital que tem uma influência significativa na aprendizagem de línguas. Precisamente, CLIL é uma abordagem que se apóia  na diversidade da língua facilitando o alcance do plurilinguismo e da interdisciplinaridade e potencializando o currículo nas escolas tradicionais tendo foco na integração do mesmo.

E foi trabalhando com conteúdos transversais e usando o Inglês como ferramenta para se ensinar outras matérias, temas e tópicos que também descobri que não é sempre que o CLIL approach é a opção de ensino da língua mais eficaz. Aliás, não acredito em sua eficácia nem para as matérias em jogo, dependendo do contexto de currículo e carga horária. 

Apesar do potencial apresentado pelo CLIL, várias desvantagens no ensino de línguas baseado em conteúdo foram observadas e investigadas por diferentes estudiosos e especialistas em ensino.

 Estes estudos demonstraram que as habilidades especialmente produtivas são menos estimuladas nas salas de aula CLIL e são alcançadas em níveis de desempenho consideravelmente mais baixos do que as habilidades receptivas. Isso significa que as habilidades de fala e escrita são afetadas negativamente em contextos baseados em conteúdo. 

“É provável que a produção oral dos alunos, em particular, não seja desenvolvida e melhorada com sucesso nas aulas CLIL.” (Pérez-Cañado 2011: 317). 

Embora alguns pesquisadores argumentem que boas habilidades interativas podem ser adquiridas em salas de aula baseadas em conteúdo, os alunos têm poucas oportunidades de se comunicarem entre si, o que pode ter um impacto negativo não apenas sobre o desempenho oral, mas também na produção escrita em geral. Além disso, no CLIL é essencial focar no desenvolvimento da escrita já que são aulas baseadas em em conteúdos diversos e é preciso obter resultados mais positivos.

No Brasil, a realidade da maior parte dos programas bilíngues é a de uma carga horária semanal mínima e, sob o ponto de vista de quem contrata o serviço de aprendizado da língua estrangeira, no meu caso, o Inglês – tornar-se fluente, proficiente ou bilíngue, não importa muito como será esse trajeto rumo ao resultado final e, sim, importa que ele aconteça e que o serviço oferecido seja a contento e traga sucesso para os alunos.

Um dos maiores equívocos é inserir o CLIL approach em programas de menos de 10 horas semanais. A língua materna acaba sendo muito utilizada pelos alunos e até mesmo pelo professor, o charme pedagógico se vai em alguns tópicos e temas, já que língua estrangeira é um inegável limitador, e não entregamos nada direito – nem o inglês e nem as matérias abordadas em outra língua que não a materna.

Não sei se estou sendo mais uma vez hipster, mas num país continental como o Brasil onde somente 3% da população fala Inglês com fluência, quero ensinar o Inglês de antigamente com o alicerce e ferramenta da língua (a gramática), o acabamento total (o vocabulário) e a decoração impecável (o uso em contexto e a comunicação real em Inglês).

A receita do bolo é antiga? É.

Isso já foi considerado chato para o aluno? Sim, muito.

Tem jeito de ser melhor? Esse é o desafio – diversão, tecnologia, gamificacao online e off-line, sons, música e contextos que façam sentido ao mundo do aluno. Pronto! 

Teremos o que queremos – excelentes resultados e alunos felizes.

E as demais matérias?

Podem ser abordadas na medida em que o aluno aumenta seu grau de fluência ou quando a quantidade de tempo exposto à língua for grande o suficiente para trazer benefícios e fazer o aluno assimilar a linguagem passiva (input) e produzir linguagem (output) relevante para os temas abordados.

As matérias diversas podem se adequar com seus tópicas mais relevantes nas metodologias de ensino de línguas e tornar a aula interessante e eficaz.

Isso pode acontecer e acontece em geral com muito sucesso.

Ah, há uma última opção (para quem tem programas de Inglês mais curtos, com até 5 horas por semana) : as matérias serem dadas em Português, no Brasil.

 Como, aliás, sempre foram.

As aulas de Inglês podem complementar o aprendizado em língua materna com vocabulário extra e projetos na língua estrangeira. 


Lembremos sempre: o maior objetivo que queremos ao oferecer um programa em Inglês é que o aluno  DOMINE O IDIOMA. O resto é secundário. Mantenhamos nosso foco, experimentando, errando, ajustando e atingindo nossos objetivos!