educadora, jornalista, produtora de conteúdos e diretora executiva do grupo WOWL
Sabemos que o conhecimento é o mais eficiente antídoto contra a ignorância, o fundamentalismo e o preconceito. Portanto, educação não existe sem conteúdo — é bolo sem recheio. Por outro lado, todos aqui sabemos que os conteúdos são armas poderosas que só nos servem se aprendemos como manuseá-las. É aqui que eu volto a pensar: que educação é essa que o brasileiro precisa?
O treinamento para se mexer bem na arma do conhecimento é um infinito workshop de valores. Valores intrínsecos a qualquer situação, valores éticos e morais, valores necessários à própria evolução das relações profissionais, sociais e afetivas.
1- Confiança. Sem a confiança de que lhe damos com a transparência, a honestidade e a verdade dos fatos, jamais conseguiremos ir longe. Mostremos aos nossos alunos o cenário que teríamos (teremos um dia, espero) se a nossa sociedade não burlasse, não trapaceasse e não quisesse culturalmente levar vantagem em tudo. Viveríamos um país de conto de fadas.
2- Persistência. Nada vem fácil, se mantém ou se constrói fácil. Apesar de se ouvir isso a torto e a direita, ninguém tem muita disposição de tentar. Insistir numa ideia ou num projeto no qual se acredita é um dos maiores valores que podemos deixar para os alunos como legado. Qual a estratégia dessa abordagem pedagógica? Mostrar aos nossos alunos as conquistas e sucesso de quem foi tenaz, persistiu e alcançou seus objetivos.
3- Pensamento crítico. Questionar sempre. Instiguemos a curiosidade dos alunos, sem deixá-los acomodar-se no que viram e ouviram de cara. Ir por outros caminhos de pensamento, divergindo do caminho comum, leva a um aprofundamento do conhecimento.
4- Cooperatividade. O mérito individual é sem dúvida grandioso e faz muito bem à vaidade e ao ego, mas é fundamental desenvolver em nossos alunos o espírito de equipe para que eles aprendam a colocar de lado os seus egos e consigam sentir a satisfação e a grandeza de colaborar com outros para atingir um objetivo comum e normalmente maior.
5- Comunicação e proatividade. Falar e agir. Falar o que se pensa, informar, checar, tirar dúvidas, expressar contentamento e descontentamento. Providenciar o que falta ou excluir o que sobra. Os problemas mais comuns nas relações em geral dizem respeito à má comunicação e à falta de atitude para a solução de problemas. Quando os alunos exercitam essa habilidade, a chance de eles interagirem mais e melhor na sociedade é potencialmente maior.
Se esses valores forem prioritários nas agendas das escolas brasileiras, acho que poderia dormir mais tranquila, sabendo que um dia, mesmo que não agora, estaremos indo por um caminho de evolução.
Ah, não se preocupem tanto com os conteúdos. Para esses, existe o Google e todas as plataformas modernas de ensino que ainda não conseguiram trabalhar tais valores com nossos alunos.