Por Maria José Ramalho Lemos Duarte
Quando fui solicitada para escrever sobre minha experiência como professora no ensino particular e público, parei para refletir sobre as ações e atuações do professor frente ao cotidiano de uma classe. Como resultado dessa reflexão, cheguei à conclusão que o ser professor, tanto em um como no outro, impõe constantes desafios. Trabalhamos com seres humanos em desenvolvimento e, como tal, vão exigir de nós, professores, constantes buscas de conhecimento, compreensão, empatia e, acima de tudo, estarmos dispostos a realizar mudanças.
Durante minha vida como professora trabalhei sempre com Educação Infantil e o meu início de carreira foi no ensino privado, onde trabalhei até a minha aposentadoria. Logo após, fui para o ensino público.
Exponho agora um pouco dessas experiências. No ensino privado, trabalhava com um grupo de alunos que chegava à escola com muitas vivências, estimulações e, o mais importante, cercadas de apoio e afeto dos familiares. A escola tinha o papel de ampliar estas vivências e proporcionar novas, que viessem a contribuir para o desenvolvimento cognitivo, afetivo e emocional dessa criança. Os grupos eram heterogêneos, mas advinham de famílias de mesma classe social, portanto suas experiências eram mais ou menos as mesmas. Claro que também havia crianças com algumas necessidades e dificuldades como em qualquer grupo.
No ensino público, trabalhamos com uma diversidade maior, recebemos crianças oriundas de escolas particulares, crianças que, apesar dos pais poderem arcar com o ensino particular, optam pela escola pública por uma questão de valores e, a maioria, são crianças oriundas de comunidades e, muitas delas, vivem em condições adversas. Para estas últimas, a inserção no mundo escolar é algo totalmente diferente. Muitas vezes é na escola que ela será reconhecida como indivíduo, é onde ela será cuidada. Para nós, professores, os desafios se tornam maiores e temos que estar muito atentos quanto ao cuidar e educar no sentido mais amplo.
Quanto às crianças, em seus desejos e brincadeiras, diria que não há diferença entre elas em relação às atitudes e maneiras de brincar. Elas estão em processo de desenvolvimento e são curiosas, abertas ao aprendizado. Cada uma tem o seu tempo no processo ensino/aprendizagem e cabe ao professor ter sensibilidade para o tempo de cada uma e fornecer os estímulos adequados.
Atualmente, estou no cargo de Diretora Adjunta. Esta função exige atuação em diferentes frentes, pois além das atribuições administrativas que requerem conhecimento das leis, lidar com verbas públicas, exige também que tenhamos capacidade de atuar bem no que tange às relações interpessoais. Temos sob a nossa responsabilidade o grupo de professores, pessoal de apoio, as famílias e os alunos.
Temos que acolher estas famílias que, em sua maioria, têm muitas dificuldades e carências comuns às comunidades. Este é um lado a que poucos têm conhecimento – como vivem estas pessoas. Profissionalmente, me sinto algumas vezes muito feliz por poder fazer algo por estas pessoas e outras vezes frustrada por não poder fazer mais.
Se me perguntarem se gostaria de ter escolhido outra profissão, a resposta é não! Sou feliz com o que faço e digo sempre: – Que venham novos desafios!
Maria José Ramalho Lemos Duarte é professora, tem formação em Psicologia pela Universidade Gama Filho, tem curso de especialização em Portadores de Necessidades Especiais pela Fundação Municipal de Educação de Niterói e de Gestão Democrática na mesma Fundação, atualmente ocupa o cargo de Diretor Adjunto da UMEI (Unidade Municipal de Educação Infantil) Senador Vasconcelos Torres